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O ATALHO NÃO PODE VIRAR CAMINHO


Há quase 10 dias estou em uma árdua luta para garantir o direito de uma mulher que está diagnosticada com Câncer de colo de útero. Erenice Alves Costa, de 40 anos, descobriu que tinha câncer há alguns meses e vem tentando tratamento. O médico prescreveu a ela radioterapia e o que era pra ser solução acabou virando o problema.

Pra se ter mais chance de cura no tratamento do câncer, é preciso ter um diagnóstico precoce. Dona Erenice não descobriu o câncer no início. Já está perdendo muito sangue e se encontra em uma situação muito fragilizada. Garantir o tratamento tem sido uma luta tão árdua quanto sua luta pela sobrevivência.
Fui procurado por sua filha e tentamos tudo que era possível, mas as dificuldades eram e são enormes.

 Radioterapia em Imperatriz, só particular. Nossa cidade já tem Quimioterapia pelo SUS, mas radioterapia, só pagando .Em São Luís tem radioterapia no Hospital Aldenora Belo, mas a previsão para que chegasse a vez de Dona Erenice era de no mínimo 3 meses. Tempo que certamente o diagnóstico já não seria o mesmo de hoje. As chances dela seriam mínimas.

O tratamento que também tem em Araguaína, as dificuldades são maiores ainda. Tentamos o caminho jurídico. Fomos à Defensoria Pública e movemos uma ação contra o Estado, de quem é o dever. A previsão não era tão breve, mas estava aí um passo dado. Fomos à Promotoria da Saúde, onde também fomos muito bem atendidos e no dia seguinte o juiz havia garantido o direito à Dona Erenice de fazer o tratamento aqui em Imperatriz, pago pelo Estado, através do bloqueio de verbas públicas.

Nesta semana ela começa o tratamento, cujo valor é de 46 mil reais.Essa experiência me envolveu de uma forma a reforçar minha percepção sobre o descaso com a saúde do nosso Maranhão. Estamos no ano de 2014, na segunda maior cidade do Maranhão e o tratamento do câncer em nossa cidade ainda não conta com Radioterapia credenciada pelo SUS. É preciso entrar na justiça para garantir o que deveria ser um direito. Entrar na justiça pra ter o direito de fazer um tratamento!

Estou feliz por Dona Erenice poder iniciar o tratamento, porém triste por termos que ampliar os casos de judicialização da saúde em nossa cidade e nosso estado, porque resolver pelo meio da justiça foi um atalho, mas infelizmente está virando um caminho. Este atalho quando vira um caminho é o reconhecimento de uma fraqueza dos organismos da saúde pública, além de direcionar o foco do ministério público para solucionar casos isolados, que são importantes, mas sobrecarrega ao ponto de diminuir o foco na tutela coletiva.

É urgente! Não dá mais pra esperar. Imperatriz já passou da hora de ter um atendimento pleno de combate ao câncer. Melhorar a atenção básica para garantir a prevenção e garantir a plenitude de tratamento aos casos já diagnosticados.



Artigo escrito por Marco Aurélio da Silva Azevedo – Vereador de Imperatriz