RAIMUNDO PINTO DE SOUZA, Ex-padre de Imperatriz morreu neste sábado, 11/05/2019
Raimundo Pinto de Souza, que se tornou um dos padres mais conhecidos de Imperatriz na década de 1990, faleceu na tarde deste sábado, 11/05/2019, no Hospital Macrorregional. Estava com câncer no pâncreas. O velório ocorre na Igreja de Santa Teresa, da qual foi pároco e, nessa condição, coordenava os festejos da padroeira de Imperatriz. O enterro está previsto para segunda-feira.
Nascido em Manaus (AM), descendente de família do estado do Ceará, era filho de militar (capitão do Exército Brasileiro), que fora transferido para a capital amazonense. De família católica, desde cedo Raimundo Pinto desejava, como padre, pastorear em terras cearenses.
Mas, em vez desse desejo de menino, Raimundo Pinto foi levado a outras cidades e países, onde fez estudos superiores. Antes, porém, em Manaus, ainda menino, participou de grupo Vocacional e de Seminário Menor, seguido do Seminário Seráfico São Francisco de Assis, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Após o Ensino Médio, continuou seus estudos religiosos em Cáli, a grande cidade de mais de 2 milhões de habitantes, na Colômbia. Em seguida, foi para a cidade de Assis, na região da Umbria, Itália. Na terra de São Francisco de Assis, Raimundo Pinto fez votos de frade. Lá permaneceu por dois anos.
De retorno ao Brasil, Raimundo Pinto foi designado para Tabatinga, município amazonense de mais de 150 anos, considerado a "Capital do Alto Solimões".
Do interior da Amazônia voltou para a Itália, onde, em Roma, estudou Filosofia e Teologia.Anos depois faria outros cursos superiores no Rio de Janeiro e em Brasília, onde se formou em Psicologia, depois especializando-se em Psicanálise Clínica.
Após sua formação em Roma, Raimundo Pinto de Souza veio para Imperatriz. Aqui, em 15 de dezembro de 1990, o bispo Dom Affonso Felippe Gregory o nomeou pároco da Paróquia de Santa Teresa d'Ávila, responsável pela Igreja de Santa Teresa, a mais antiga do município, iniciada no mesmo ano de fundação da cidade (1852).
Inteligente e instigante, Raimundo Pinto logo tornou-se "polêmico". Em declarações públicas disse não concordar com certos comportamentos que ele dizia observar no clero imperatrizense. Pior: não podendo combater, deixou-se levar por eles -- é o que ele dizia. Menos de 17 anos depois de nomeado pároco católico, converteu-se, em 15 de maio de 2007, para outra denominação religiosa, não católica, onde logo assumiu postos de direção. Casou-se com Jacicleia Claudino Pinto e com ela teve dois filhos, André Luiz e Saulo Emanuel. Sabia-se que nos últimos tempos ele estava "ensaiando" retorno ao catolicismo. Em 5 de janeiro deste ano, Raimundo Pinto escrevia em página da Diocese de Imperatriz dedicada à catequese: "Tema interessante, principalmente quando se reflete sobre o aprendizado no contexto catequético, uma pedagogia catequética é fundamental nessa abordagem".
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Raimundo Pinto de Souza contou-me que, sem que eu soubesse, sempre me apoiava em minhas pretensões políticas. Nas duas ou três últimas campanhas, ele fez isso de modo aberto, inclusive fazendo defesas e recomendações de meu nome para prefeito ou deputado, de modo espontâneo, voluntário e independente. Nas redes sociais, em bairros e povoados, de Imperatriz e de outros municípios onde mantinha amigos e conhecidos, Raimundo Pinto pregava sua crença ou concordância em nossos ideais políticos e de Gestão Pública.
Algumas vezes nos encontramos onde ele morava, em uma grande chácara na zona urbana de Imperatriz, cedida por um amigo comum. Ele não me fez pedidos, mas disse que gostaria de que eu escrevesse um texto sobre ele logo que ele resolvesse alguns assuntos. Eu não sabia de sua doença nem imaginaria que, sem querer, o texto fosse um como este, pós-morte.
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Se há um traço original na vida de Raimundo Pinto era o da humanidade -- e, com esta (como ocorre com qualquer um de nós), suas fraquezas. Raimundo Pinto expôs, por vontade própria, algumas de suas mais sensíveis fragilidades. Até na TV fez isso.
Até em sua página no Facebook ele deixava entrever. Nessa rede social, ao se autoqualificar, Raimundo Pinto utilizou-se da famosa frase do músico, cantor e compositor jamaicano Robert Nesta Marley, que não é outro se não Bob Marley (1945--1981) mundialmente conhecido por popularizar o gênero "reggae". Disse Bob Marley:
"Vocês riem de mim por eu ser diferente; e eu rio de vocês por serem todos iguais."
Coincidentemente, Raimundo Pinto morre no mesmo dia e mês (11 de maio) em que morreu Marley.
Não será de estranhar se, na Eternidade, a pregação de Raimundo Pinto tiver como fundo musical toques, sons e ritmos musicais de um pequeno país insular do mar do Caribe...
Luz e Paz, Raimundo Pinto de Souza.
EDMILSON SANCHES
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Foto: Raimundo Pinto de Souza e a Igreja de Santa Teresa, na paróquia que ele dirigiu, em Imperatriz (MA).